Impactos Emocionais da Impossibilidade do Velório
Uma forma de começar a lidar com a perda de um ente querido é através dos ritos de despedida. Mas, em tempos de pandemia, os velórios e funerais tradicionais não são recomendados devido à aglomeração de pessoas. E como isto pode nos afetar?
Ao abandonar os rituais o que fica é a realidade, sem muito tempo para comoção ou desapego gradual. “Estamos vivenciando uma morte que está acontecendo nos hospitais, o que nos leva ao entendimento de fracasso por não conseguir estar ao lado daquela pessoa no momento que mais precisou, dando um apoio e uma palavra de carinho”, disse Flor Teixeira, mestre em Psicologia Social e professora da Unit.
Segundo a psicóloga, a impossibilidade da despedida por conta da pandemia pode deixar muitas marcas. “O ritual é nossa primeira etapa para um processo de compreensão. Pular essa etapa é quebrar um significado. E isso poderá acarretar impactos emocionais. A depressão será uma das principais consequências desse momento, acompanhado de uma possibilidade de estresse pós-traumático, afinal, o que nós estamos vivendo é um momento de crise”, falou.
Sobre o luto, ela diz que cada pessoa elabora a ideia de fim de maneira muito singular. “O luto tem duas perspectivas: social e individual. Nesse período de mal-estar coletivo buscamos teorias generalistas que sirvam para todos, mas a forma como cada pessoa compreende o significado desse processo é que irá conduzir a elaboração de luto”, expressou.
A psicóloga sugere que nesse cenário de mudanças e perplexidade precisamos adotar atitudes solidárias. “Um comportamento longe de julgamento e próximo ao acolhimento. Precisamos estar atentos a nós e aos outros. Acredito que falar de morte, é falar de vida e ao falar de vida é atentar sobre como estamos lidando com ela”, finalizou.
Fonte: www.clicksergipe.com.br