30 de janeiro, dia da saudade.

Uma reflexão sobre “saudade e a construção do seguir’, com o psicólogo Juliano Belezia.

Saudade é uma palavra que quase nem existe tradução para outros idiomas, significa algo e principalmente alguém que não temos naquele momento ou que não fará mais parte da nossa trajetória de vida.

É uma palavra que poderíamos gostar mais, pois é a prova que existe alguém a nos esperar e que somos lembrados, assim como também é possibilidade de guardar o outro em nós, seja estando aqui ou que já se foi. Saudade na verdade é presença e não ausência.

A saudade também pode ser definida como uma conquista, pois surgiu por meio do sentimento mais nobre que existe, o amor, e para o amor não têm distância, nada pode apagar de nossa memória e coração, já se deu por toda vida.

É de certa forma menos complexo nos despedirmos “por fora”, ou seja, por meio das palavras, de um longo e caloroso abraço após uma visita e um bate papo de horas. Uma coisa é dizer adeus quando sabemos que ainda há possibilidade de nos encontrarmos novamente ou até mesmo telefonar por vídeo para aplacarmos a saudade, porém quando a “despedida” é gerada às pressas, por meio de um imprevisto ou algo que muitas vezes colocamos como trágico, que não estamos “preparados” para a situação, torna-se mais difícil e até mesmo, a nosso ver momentâneo, impossível de se concretizar.

Impossível sermos felizes novamente tal como éramos quando a pessoa estava presente?

Os dias se tornarão diferentes a partir daquele evento, pois o processo do luto ainda levará algumas semanas, meses e anos. A esperança se alimentará de um passado recente. Temos que nos habituar a novas rotinas, construídas agora em diante, pela ausência, pela tentativa diária de se “acostumar” e seguir adiante com a vida. Demora certo tempo para a ferida encontrar uma saída, as justificativas não preencherão a lacuna. Mas serão as lembranças juntas ao sentimento de gratidão pela convivência que se tornarão o acalento para alma e possibilitarão seguirmos adiante, honrando as memórias.

A saudade pode ser de alguém, de uma época, de um emprego, de uma cidade em que já morou, ou qualquer outro ponto da vida que fale forte ao coração. Não importa, saudade é saudade. E se este sentimento tem atrapalhado sua vida, e seguir a estrada tem se tornado um fardo, considere falar sobre o assunto com pessoas da sua confiança, ou ainda, procurar um apoio profissional através da terapia.

Que este dia da saudade seja para você um momento de boas lembranças!

Horário de Atendimento: Segunda a sexta, a partir das 19h. Sábado das 8 às 12h.